quarta-feira, fevereiro 17, 2010

EDUCAÇÃO PARA UMA SOCIEDADE EM TRANSIÇÃO

1. INTRODUÇÃO

Como implementação da Disciplina de Didática do Ensino Superior, pretende-se elaborar um comentário sobre o Livro do Prof. Ubiratan D’Ambrósio, intitulado: “Educação para uma Sociedade em Transição” publicada pela Editora Papirus, São Paulo, 1999.
Nesta obra o autor descreve que a história, a sociologia e o futuro da educação, os sistemas escolares, o currículo, incluindo os chamados Temas Transversais, a avaliação, entre outros assuntos, merecem uma reflexão holística neste livro só merecem uma reflexão neste livro?.
Partindo da observação de que o homem luta pela sua sobrevivência, `mas diferentemente das demais espécies, busca também a transparência`, Ubiratan Dámbrósio defende a geração, a organização intelectual e social, a transmissão e a difusão do conhecimento como as grandes metas da educação. E nesse particular concorda-se com o citado autor, tendo em vista que o conhecimento deve ser difundido. Aliás, indo além firma-se em uma proposta educacional que rejeita a miséria, a arrogância e a prepotência e almeja a dignidade do ser humano.


2. DESENVOLVIMENTO

Na presente obra, o autor utiliza vários conceitos e categorias de análise, as quais entende-se, ser de real importância para o conhecimento do tema. Aborda, o autor, sobre o sistema do Método Espiral e do Modelo Cartesiano. O modelo Espiral é um método holístico e a visão global é intrínseca a ele. Já o modelo Cartesiano, por sua vez, consiste na visão de Descartes em: “dividir cada uma das dificuldades que eu examinasse em tantas parcelas quantas possíveis e quantas necessárias fossem para melhor resolvê-las”, DÁMBRÓSIO (1999, p.8). O autor dividiu a obra em vários capítulos. No primeiro aborda sobre a Educação e Currículo ao Longo da História, onde foca que vivemos ainda sob a estrutura institucional desenvolvida pelos romanos. No segundo capítulo escreve sobre As Disciplinas e uma Visão Holística do Conhecimento e da História, onde foca o entendimento do homem como um fato cósmico, planetário, social e individual. Já no terceiro capítulo insere sobre a Transdiscipinaridade, Cognição e Aprendizagem onde admite que a fonte primeira de conhecimento é a realidade na qual estamos imersos o conhecimento é gerado holisticamente, de maneira total, e não seguindo qualquer esquema e estruturação disciplinar. No quarto capítulo aborda sobre o Conhecimento, Poder e Comportamento onde o enfoque é a dificuldade de compreender o objetivo e a própria trajetória do conhecimento. Já no quinto capítulo escreve sobre Uma Visão Holística da Espécie, onde entende que a realidade é constituída de fatos que antecedem o momento, que antecedem nossa própria existência e nossa própria espécie. No capítulo sexto escreve sobre o Conhecimento e Vontade, onde o foco é o problema do conhecimento estar presente em todos os sistemas filosóficos, de todas as culturas. Por sua vez, no capítulo sétimo insere sobre Literacia, Materacia, Tecnoracia: Uma Proposta Curricular. Seu foco é direcionado para a proposta educacional a qual encontra sua razão de ser no momento sociocultural e econômico de cada época. No capítulo oitavo escreve sobre: Para uma Educação Fundamental Criativa, onde se deve fazer um comparativo das grandes transformações que ocorreram quando apareceram novas tecnologias afetando o ler, escrever e o contar. No capítulo nono aborda sobre Multiculturalismo e Exclusão em que considera ser um tema que vem crescendo em importância devido a globalização. No capítulo décimo escreve sobre Aprendizagem e Avaliação em que considera a Aprendizagem como sendo a aquisição de capacidade de explicar, de aprender e compreender e a Avaliação tem tudo a ver com a filosofia de educação a que nos associamos. No décimo primeiro capítulo o tópico é Temas Transversais onde não se pode pensar numa educação que aborde o conceito de cidadania sem considerar saúde e meio ambiente. O capítulo seguinte contempla a Espiritualidade, onde considera que a mesma é um dos pontos críticos dos sistemas educacionais. No décimo terceiro capítulo questiona sobre Uma Nova Universidade? Comenta sobre os estudos a partir da “Declaração de Veneza” , reunião convocada pela UNESCO sobre a evolução do Ensino Superior. No penúltimo capítulo aborda sobre o Poder, Burocracia e Conhecimento em que o poder passa por uma hierarquização e concentra-se em alguns indivíduos. A burocracia, no seu entendimento, é a responsável por manter a hierarquia na organização e o conhecimento está em permanente modificação. O último capítulo intitula-se: Para Finalizar onde opina que qualquer discurso sobre educação se esvaiz se não focalizar a questão maior da existência humana. Não há dúvidas de que você é um profissional que necessita registrar tudo como em uma ata de reunião. Os comentários podem ser menos minuciosos e não por isso, menos ricos.
Considera-se interessante a leitura dessa obra, pois o homem desde a sua existência procurou saber sobre temas relacionados à vida, o mundo e principalmente sobre o “por quê?”. Sobre este aspecto pode-se definir o conhecimento como o ato de procurar as respostas para as mais diversas indagações.


3. ABORDAGEM ESPECÍFICA SOBRE O LIVRO

De acordo com o autor, vivemos ainda sob a estrutura institucional desenvolvida pelos romanos, que perdura até nos diais atuais. A sociedade é peça fundamental para o desenvolvimento do ser humano. O homem vive em sociedade para atingir seus objetivos. É nesse contexto que o exercício de direitos e deveres acordados pela sociedade é que se denomina de cidadania.
Entende Ubiratan D’Ambrosio que a missão do professor não é apenas usar essa condição para ensinar uma disciplina ou fazer prosetilismo proselitismo ou seja, converter o aprendiz a sua disciplina para cumprir os objetivos maiores da educação. Prosélito é o indivíduo convertido a uma doutrina, idéia ou sistema.
O mundo está se desenvolvendo numa velocidade enorme e está exigindo outros conteúdos, naturalmente outras metodologias para que se atinjam os objetivos maiores de criatividade e cidadania plena. Naturalmente necessita-se entender melhor o homem, a humanidade, como um todo, e o conhecimento. O conhecimento liberta o sujeito porque lhe dá independência e autonomia. Esse mesmo conhecimento pode ser libertador não só de indivíduos como também de grupos humanos e de nações. Ele é um mecanismo de libertação, porém pode ser usado também como um mecanismo de opressão dos outros.
O homem é o centro do universos (será?), pois é um fato cósmico, planetário, social e individual. O homem e sua ação, na concepção do autor, manifestam-se em total dependência de seu ambiente natural, social, cultural e emocional.
Considerando que a fonte primeira do conhecimento é a realidade pela qual o homem está inserido, é gerado holisticamente e não seguindo qualquer esquema e estruturação disciplinar. O enfoque holístico à história do conhecimento consiste essencialmente de uma análise crítica da geração e produção do conhecimento, da sua organização intelectual e social, bem como da sua difusão.
O acúmulo de conhecimento mostra-se, ao longo de gerações, importante e útil para satisfazer as necessidades materiais e espirituais de uma sociedade. O trabalho do educador não é servir a esse sistema de filtros (quais filtros?), porém consiste em estimular cada indivíduo a atingir sua potencialidade criativa e também estimular e facilitar a ação comum.


4. CONCLUSÃO

Qualquer tópico abordando educação, no conceito do autor, se esvazia quando não se centra na questão da existência humana. Entende-se que o homem deve ser o foco da educação e nesse sentido o autor está correto em sua conclusão, tendo em vista que as grandes questões, como: de que é feito o mundo? Ou ou podem os nossos sentidos nos dizer como é de fato o mundo? Foram foram estudados por Tales de Mileto, Anaxímenes, Empédocles, Demóclito Demócrito, Platão, Aristóteles, Epicuro, Hobbes, Descartes, Spinoza, Leibniz, Berkeley, Kant , Hume.
Sobre esse tema D’AMBRÓSIO (1998, p. 154) complementa: “Temos avançado muito no conhecimento do ser humano. Mas a grande angústia existencial, que resulta de não encontrar uma resposta satisfatória à questão maior por que sou?, dá origem a contradições na qualidade do ser humano”. Reafirma-se que grandes estudiosos como Demócrito, Platão, Hobbes, Descartes, Locke, Berkeley, Hume e Freud, já questionavam: “quem sou eu?” e isso ficou evidente nessa obra.
Concorda-se com o autor quando o mesmo entende que o homem é um ser social e para tanto deve viver com dignidade. O sentido da vida, na concepção do mesmo, corresponde a três elementos básicos: indivíduo, natureza e sociedade. Esses três elementos são essenciais e devem estar interligados.
O homem vivendo em sociedade deve respeitar o seu semelhante, deve ser solidário com o outro e cooperar como um todo. Esses valores correspondem ao comportamento ético, melhorando a qualidade de vida.

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