terça-feira, janeiro 05, 2010

ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA

ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA
Carlos Geraldo Caixeta Cruz

Mestrando em Sistema de Informações Contábeis (ULAC)
Professor do Departamento de Contabilidade da UPIS - newnetcar@yahoo.com.br
Amilton Paulo Silva
Mestrando em Sistema de Informações Contábeis (ULAC)
Professor do Departamento de Contabilidade da UPIS - amiltomp@zipmail.com.br
INTRODUÇÃO
O presente “paper” apresenta um resumo sobre aspectos inerentes à administração de caixa, objetivando buscar o interesse acadêmico no sentido de aprofundar os estudos sobre o tema.
DESCRIÇÃO
O ambiente econômico adverso em que se insere a atividade empresarial conduz à utilização de técnicas que permitam buscar o equilíbrio financeiro de um negócio, no sentido de se reduzir incertezas e maximizar a aplicação dos recursos.
Inquestionável é a importância da administração de caixa, técnica que se bem executada favorece a lucratividade, minimiza os custos de oportunidade e evita riscos de insolvência técnica.
O dinheiro deve ser considerado como matéria-prima de que necessita a empresa para levar a efeito a produção, e manter em condições favoráveis a atividade operacional.
Neste sentido a administração de caixa consiste em uma técnica que visa determinar o nível de caixa necessário para fazer face aos compromissos de curto prazo assumidos, proteger a empresa de demandas inesperadas de recursos e atender às perspectivas de uma oportunidade futura para fazer negócios.
OBJETIVO
A administração de caixa tem por objetivo identificar excedentes ou insuficiências de recursos que possam prejudicar a manutenção de um caixa mínimo de forma a equilibrar a liquidez da empresa.
Em sua essência, a administração de caixa busca ser um referencial que possibilite o planejamento e o controle dos recursos financeiros de uma empresa, indispensável no processo de tomada de decisão.
MÉTODOS
Os métodos mais utilizados para a administração de caixa se relacionam tanto a abordagens subjetivas como a modelos quantitativos.
A ênfase está nos métodos quantitativos, já que a abordagem subjetiva não leva em consideração fatores objetivamente identificáveis no fluxo de caixa, estabelecendo o volume de recursos a serem mantidos em função do valor das vendas mensais.
Além do fluxo de caixa projetado que se destina a mostrar ao administrador as necessidades futuras de um caixa mínimo, bem como a probabilidade de recorrer a financiamentos externos, outros métodos são utilizados para a administração de caixa. Abaixo seguem comentários a respeito de alguns desses modelos.
1. Modelo de Baumol
Este modelo, aplicável em situações em que exista um fluxo regular de recebimentos e pagamentos, propõe a utilização do conceito de Custo Econômico de Conversão (VEC) para reposição de caixa em função de futuras demandas.
Se a empresa mantém a posse de títulos negociáveis de curto prazo, estes atuariam como uma reserva para suprimento de caixa em eventuais necessidades. Neste caso, o Modelo de Baumol propõe a administração de caixa levando-se em consideração os custos de conversão dos títulos e os custos de oportunidade relacionados à manutenção de excedentes monetários.
Se a empresa não mantém títulos negociáveis, mas tem a oportunidade de manter seus fundos em aplicação financeira, o Modelo de Baumol considera os rendimentos e os custos dessa aplicação de modo a adequar os resgates necessários à maximização dos benefícios financeiros.
2. Modelo de Miller-Orr
Este modelo é mais aceitável, pois o mesmo é utilizado quando há muita incerteza no fluxo de recebimentos e desembolsos, apesar da dificuldade de sua aplicação.
A exemplo do Modelo de Baumol, o método idealizado por Miller e Orr, pressupõe a existência de dois ativos distintos: o caixa (representando recursos monetários internos) e investimentos (representando títulos negociáveis de curto prazo, ou aplicação de liquidez imediata). Poderá ocorrer a transferência de recursos do caixa para o investimento (conversão de moeda em títulos negociáveis) e vice-versa (venda de títulos a vista). Estas transferências de recursos são feitas quando o caixa atingir o limite máximo ou mínimo que é determinado pelo modelo.
Estas operações de resgate e aplicação devem ser feitas de modo a que o caixa sempre retorne a determinado nível, denominado de ponto de retorno.
O valor do ponto de retorno depende dos custos de conversão, do custo de oportunidade diário dos recursos e da variação dos fluxos de caixa líquidos diários (recebimentos (-) pagamentos).
3. Orçamento de Caixa
O orçamento de caixa é feito com o objetivo de obter informações acerca das estimativas de entradas e saídas de recursos financeiros e da necessidade de financiamento externo em superveniências futuras. Envolve o conhecimento do fluxo de caixa da empresa (origens dos recursos e suas aplicações), bem como de todo o processo produtivo e de marketing que sustentam a base operacional dos negócios.
O demonstrativo de fluxo de caixa relaciona os ingressos e saídas (desembolsos) de recursos monetários no âmbito de uma empresa em determinado intervalo de tempo.
Caracteriza-se o demonstrativo de fluxo de caixa como instrumento de natureza gerencial de importância inquestionável na medida em que propicia prognosticar eventuais excedentes ou escassez de caixa, determinando-se medidas saneadoras a serem tomadas, ou seja, este demonstrativo sinaliza os rumos financeiros da empresa.
Há uma ligação direta na administração do fluxo de caixa e o resultado da empresa. Assim, por exemplo, se uma empresa mantém excessivamente alto o volume monetário de caixa poderá ocorrer situações em que se apresente problemas relacionados a custo de oportunidade pela não negociação de um produto com descontos financeiros favoráveis. De outra forma, caso haja pouca reserva de caixa, poderá obrigar a empresa a recorrer a compras a prazo de mercadorias e/ou insumos, o que naturalmente implicaria em despesas financeiras pelos juros cobrados.
É certo que a situação de caixa tem influência no capital circulante líquido. No entanto é preciso diferenciar fluxo de caixa de fluxo de recursos.
Fluxo de caixa envolve apenas entrada e saída de numerário (moeda) relacionando aporte de dinheiro na empresa e os pagamentos efetuados.
Capital Circulante Líquido (que apresenta a noção de fluxo de recursos) representa a diferença positiva entre ativo circulante e passivo circulante e, neste caso, o conceito é mais abrangente, envolvendo não só dinheiro, mas todos os itens representativos de recursos de curto prazo (estoques, duplicatas a receber, etc) e dívidas também de curto prazo (fornecedores, impostos a pagar, etc).
A estruturação do esquema do fluxo de caixa de uma empresa pode apresentar três situações distintas, quais sejam:
Fluxo de Caixa Operacional: são as entradas e saídas diretamente relacionadas à produção e venda dos produtos e serviços da empresa.
Fluxo de Investimentos: entradas e saídas associadas com a compra e venda de ativos imobilizados e participações societárias.
Fluxo de Financiamento: resulta de operações de empréstimos de terceiros e capital próprio.
O demonstrativo de fluxo de caixa apresenta os valores que realmente foram gerados em determinado período (passado), evitando-se o problema relacionado ao regime contábil conhecido como “competência de exercícios”.
Este demonstrativo pode ser útil para indicar tendências nos relatórios de resultados e do Balanço Patrimonial devido às práticas contábeis, bem como para determinar a qualidade dos lucros (quanto dinheiro já entrou no caixa desses lucros) e a facilidade da empresa em poder pagar juros e dividendos.
O fluxo de caixa das operações é determinado a partir do lucro líquido indicado na demonstração de resultados, adicionando-se as despesas não-desembolsáveis e diminuindo-se as receitas que não tenham representado ingresso de recursos (variação monetária ativa, correção monetária, etc).
O demonstrativo de fluxo de caixa além de mostrar a efetiva movimentação de recursos monetários (entrada e saída de dinheiro) também poderá ser elaborado para estimar futuras necessidades de fundos a curto prazo.
A projeção de caixa far-se-á em função da previsão de vendas e outras arrecadações e dos pagamentos de despesas diversas e/ou investimentos. O período a ser coberto para as estimativas normalmente é de um ano, fracionado em intervalos de tempos menores.
A previsão de vendas é elaborada a partir de informações externas (renda “per capita” da população, tendências econômicas, etc) e internas (dados fornecidos pelos vendedores locais, departamento de marketing da empresa, etc). Com os dados disponíveis o administrador determina a previsão de recebimentos mensais considerando, também, os gastos relacionados aos insumos básicos (matéria-prima, estoques, despesas de distribuição, etc) e aos investimentos em imobilizados necessários à manutenção da atividade operacional.
FUNÇÃO
Proporcionar ao administrador financeiro informações acerca do fluxo de caixa (entradas e saídas de recursos), bem como promover o controle e a adequação do saldo de caixa mínimo, garantindo o equilíbrio entre os custos e os benefícios inerentes ao excesso ou escassez de dinheiro no caixa.
APLICAÇÃO
A administração de fluxo de caixa é aplicável na gestão financeira das empresas, no sentido de subsidiar a tomada de decisão quanto aos aspectos inerentes à questão da liquidez e financiamento de terceiros para manutenção das atiidades operacionais.
BIBLIOGRAFIA

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