terça-feira, janeiro 26, 2010

O QUE É... PRODUTIVIDADE

É quando o funcionário reage a uma preocupação genuína da empresa com ele
Uma das lembranças mais vívidas que tenho de meu primeiro emprego era o grande
escritório. Todo aberto, com um pé-direito enorme e paredes nuas. O ambiente era tão
espartano que a única coisa que podia ser vagamente chamada de "decoração" eram os dois
pomposos retratos dos fundadores, pendurados na parede do fundo. E era ali, sob os retratos,
que ficavam as mesas dos diretores, estrategicamente posicionadas para que eles tivessem
uma visão total do local. De frente para a diretoria ficavam todas as outras, e a hierarquia
funcionava por fileiras de mesas. Na primeira fila estavam situados os chefes, para que eles
pudessem ir rapidamente até a mesa dos diretores quando fossem chamados. Na última fila,
ficavam os supervisores. E no meio, observados todo o tempo tanto pela frente quanto pela
retaguarda, ficávamos nós, o resto dos funcionários. Cada funcionário tinha a sua mesa, e só.
Mesmo os cestos de lixo ficavam junto às mesas dos supervisores, para que eles pudessem
conferir tudo o que estava sendo descartado.
Um dia, apareceu na empresa um pessoal estranho, bem vestido e bem falante. Eles se
definiam como "atualizados com as tendências da administração moderna", algo que nós ali
nem desconfiávamos que pudesse existir. Esse povo tinha sido contratado com o objetivo de
mudar a mentalidade já meio ultrapassada da empresa, e começou alterando o layout:
construíram salas para os gerentes, salinhas para os supervisores e minissalões para cada
departamento. Como tudo isso requeria espaço, o escritório teve de ser ampliado. E aí,
aproveitando o embalo, foram inseridos vários itens, digamos, mais atualizados com as
tendências da administração moderna, como vasos com flores, reproduções de pinturas
clássicas e persianas coloridas nas janelas.
O efeito foi incrível. A produtividade geral dobrou da noite para o dia. E, para nós, tudo
pareceu óbvio: quando se dá ao ser humano mais espaço e mais tranqüilidade, ele funciona
melhor. O escritório havia deixado de ter aquele aspecto de estádio de futebol para se
transformar num ambiente que privilegiava a individualidade. E o agradecimento se resumiu
em uma palavra que qualquer empresa entende e aprecia: produtividade.
Há um mês, eu me encontrei com um funcionário de uma grande instituição financeira e ele
me contou, todo entusiasmado, a grande mudança pela qual o escritório acabara de passar.
Dezenas de salas e salinhas tinham sido colocadas abaixo e o local havia sido transformado
em um imenso salão, onde todo mundo podia ver todo mundo. E o resultado tinha sido
positivo, em todos os sentidos: de repente, passou a haver mais espaço, mais luminosidade,
mais contato humano e, principalmente, muito mais produtividade!
"Isso é o século 21!", ele me disse. E eu, tentando não melindrá-lo, expliquei que aquilo, a
bem da verdade, era o século 19. Grandes escritórios abertos, sem paredes, divisórias ou
baias, foram o início de toda a história, lá pela época da Revolução Industrial. O fato de a
produtividade melhorar quando a empresa constrói ou derruba salas, tanto faz, é resultado não
da engenharia, mas da mensagem que a empresa está passando: estamos mudando para
oferecer melhores condições de trabalho. E, quando o funcionário sente que existe uma
preocupação genuína com ele, fica mais produtivo. Até no escuro. Max Gehringer

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