quinta-feira, janeiro 28, 2010

Contabilidade Gerencial - Fator de Insolvência

COMO INTERPRETAR, EM CONJUNTO OS QUOCIENTES?


Este é o verdadeiro núcleo da questão. Nenhuma fórmula “receita de bolo”, conselho ou quadro tipo painel irá substituir o julgamento e a “arte” de cada analista, em cada caso. O que se pode formar é uma opinião de conjunto, mais do que um veredicto, em muitas circunstâncias. O equilíbrio deve ser a característica principal. Suponha que uma empresa que, num lapso de tempo considerável, venha apresentando quocientes de rentabilidade ótimos e de liquidez péssimos ou maus. Esta empresa está, possivelmente, numa situação muito pior que outra que apresente quocientes de rentabilidade e de liquidez apenas razoáveis. A distorção entre rentabilidade e liquidez pode ser admitida em períodos curtos, nunca numa tendência, sob pena de pontos de estrangulamento fatais para a empresa.
O Prof. Stephen C. Kanitz, da Universidade de São Paulo, apresentou, em artigo publicado na revista Exame, de dezembro de 1974, uma abordagem interessante para um estudo e interpretação de alguns quocientes principais, em conjunto.
Através de tratamento quantitativo de dados de algumas empresas que foram à falência, conseguiu montar o que denominou fator de insolvência e que consiste em relacionar alguns quocientes, atribuindo pesos a eles (derivantes da análise quantitativa realizada na amostra) e somando os valores assim obtidos. Se a soma recair entre certos valores, a empresa estará na faixa de insolvência e, se recair em outros intervalos, estará na faixa da penumbra ou de insolvência.
Adverte muito adequadamente o Prof. Stephen que o simples fato de uma empresa estar na faixa de “insolvência” não quer dizer que, de fato, irá falir. Mas todas as empresas do grupo analisado que realmente faliram apresentaram, anos antes da falência, valores que se enquadrariam na faixa de insolvência. A metodologia está sendo sempre atualizada, abrangendo maior número de quocientes.
Conforme relatado no artigo, o “fator de insolvência” é calculado da seguinte forma:

X1 = Lucro Líquido / Patrimônio Líquido x 0,05

X2 = Ativo Corrente + Realizável a Longo Prazo / Exigível total x 1,65

X3 = Ativo Corrente (-) Estoques / Passivo Corrente x 3,55

X4 = Ativo corrente / Passivo Corrente x 1,06

X5 = Exigível Total / Patrimônio Líquido x 0,33

Fator de Insolvência = X1 + X2 + X3 – X4 – X5

Se a soma resultar num valor entre 0 e 7, a empresa estará na faixa de solvência. Entre 0 e -3, estará na faixa de penumbra e entre -3 e -7, na faixa de insolvência.

Conquanto o trabalho seja bastante interessante e possa, em algumas circunstâncias, ser utilizado com confiança, ainda não dispensaríamos uma análise qualitativa em moldes clássicos. Esta metodologia está sendo testada e ampliada no que se refere ao número de quocientes, a fim de torná-la mais segura. O método, todavia, poderia ser utilizado conjuntamente com a análise tradicional, para maior segurança.

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